Está programando sua próxima viagem de inverno e ainda não encontrou um parceiro para esta aventura? Uma viagem curtindo apenas a sua companhia pode ser muito mais divertida e interessante do que você imagina!
Muita gente que gostaria de ter uma experiência no exterior acaba não indo por não encontrar um companheiro de viagem. Por conta de diversas crenças equivocadas, a pessoa chega à conclusão de que viajar sozinha seria ruim. Apesar de discordar totalmente, eu até entendo o que passa na cabeça dessa pessoa. São as coisas mais variadas: receio de que indo sozinho a viagem acabará saindo mais cara, pois não vai ter ninguém para rachar as despesas; receio de que sem companhia a experiência toda poderá vir a ser entediante e chata. Outros acreditam que pode ser perigoso. E tem gente que deixa de viajar sozinho porque pensa que não vai conseguir se virar quando estiver passando por dificuldades ou imprevistos.
Todas essas preocupações são válidas e compreensíveis, mas a meu ver não devem ser motivo para alguém deixar de viajar! Pelo contrário, quando viajamos sozinhos podemos ter ótimas experiências e ainda ganhamos diversas oportunidades de amadurecimento e reflexão. Fora que, na maioria dos casos, acabamos aproveitando até mais as viagens e voltando com muito mais histórias para contar.
Isso porque o fato de estar sozinho te dá a liberdade de fazer o que quiser, na hora que quiser, sem ter ninguém com interesses (ou um ritmo) diferentes dos seus e com quem você inevitavelmente precisará negociar em vários momentos. Por exemplo, uma vez fui para Nova York com dois amigos. Eu queria fazer uns passeios mais culturais. Um dia tínhamos combinado de visitar o museu Metropolitan e o Museu de História Natural. Mas, durante o caminho, eles acabavam parando em várias lojas. E o pior: não compravam nada, ficavam só olhando os preços! Com esse entra e sai de loja, acabamos perdendo muito tempo na rua. Se naquele momento eu estivesse sozinho, não estaria dependendo deles e teria conseguido aproveitar mais os museus.
Outras vantagens de se viajar sozinho é o amadurecimento, é perceptível o quanto você fica mais atento e até mais satisfeito consigo mesmo. Nessas viagens, é muito comum passar por algumas dificuldades e, muitas vezes, não poder contar com a ajuda de ninguém. Mas é bem nessas horas que vemos o quanto somos capazes de resolver os problemas e que acabamos aprendendo a nos virar sozinhos. Com tudo isso, depois que voltamos da viagem, não tem como a gente não estar com a autoestima mais elevada.
Um outro ponto a se tocar é o de que quando viajamos sozinhos, acabamos praticando mais outras línguas. Se você for viajar com algum amigo, com certeza vai passar a maior parte do tempo falando português e não vai treinar o inglês ou o idioma do país que você está visitando.
Antes do meu primeiro mochilão, eu era muito tímido. Morria de vergonha de falar inglês perto dos outros, porque não falava muito bem e tinha dificuldade de entender. Então, eu tinha medo que alguém me perguntasse alguma coisa e eu não conseguisse entender direito. Quando estava sozinho no Velho Continente, fui obrigado a ter que conversar com os europeus e, a cada dia que passava, eu me sentia mais tranquilo em conversar com as pessoas, pois descobri que o importante mesmo é se comunicar. Ou seja, a outra pessoa precisa entender o que você está dizendo. Não é necessário se preocupar em falar o inglês certinho!
E nisso a gente entra num outro ponto: muita gente deixa de viajar porque só sabe português – e não deveria. Caso você fale inglês, que é o idioma mais falado em todo lugar, com certeza isso irá facilitar muito sua vida durante a viagem. Mas, se não falar um inglês fluente ou não souber nada, não tem problema. Tempos atrás conheci um moço de Goiânia que já visitou cerca de 50 países e só sabe falar português. Aprendi com ele – e com o tempo – que o mais importante não é ser fluente, mas simplesmente se fazer entender.
E sem esquecer que tem lugares que onde muita gente fala ou entende o português. Quando fui a Miami, por exemplo, eu chegava nas lojas fazendo perguntas em inglês e os atendentes, em vez de responder, sempre perguntavam: você é brasileiro, né?
Claro que se estiver indo para fora do país sozinho e sem falar inglês (ou a língua do seu país de destino), o conselho é ficar atento e não dar bobeira. Se você só sabe português, pesquise bastante antes de viajar sobre o destino para o qual você vai. Anote tudo: endereços de hotéis, restaurantes, atrações turísticas e outros lugares que queira visitar. Veja como fazer para chegar nesses locais. Se tiver que pegar ônibus e metrô, guarde bem qual é o número do ônibus e o nome da estação de metrô. Pesquise o cardápio e o nome local das comidas típicas. Coloque as fotos dos lugares que você quer visitar no seu celular, se você estiver procurando algum templo, por exemplo, é só mostrar a foto dele para alguma pessoa na rua que ela vai te explicar mostrando as direções.
Resumindo, para sua segurança, leve seu roteiro detalhado impresso e no celular. Aliás, hoje está muito mais fácil viajar por causa do celular. Por exemplo, se estiver perdido, apenas use o GPS para te ajudar! Ah, e se você não estiver entendendo alguma coisa, o tradutor também pode ajudar bastante!
Outro medo comum de quem não fala outras línguas: “se eu não sei inglês e nem o idioma do país que vou visitar, como vou fazer para passar na imigração?” É simples! Se você estiver com todos os documentos exigidos para a entrada no país, como o passaporte, visto, passagem de volta, certificado internacional de vacinação, reserva de hotéis, dinheiro para comprovar que tem como você se manter, ou outro documento que você sabe que é importante ou é exigido, fique tranquilo. Não tem motivo para se preocupar. No livro “Como sobreviver no exterior” tem algumas frases importantes para você saber e treinar antes de viajar.
Uma outra vantagem de viajar sozinho é que acaba ficando mais fácil para se fazer novos amigos. Quando você está viajando sozinho, é quase impossível não conversar com estranhos. Por mais que você seja tímido ou mais fechado, depois de alguns dias na estrada, a vontade de conversar com alguém acaba batendo. Diversas conversas depois, alguns desses estranhos terminam se transformando em amigos. E o interessante é que estas amizades costumam durar anos ou até mesmo uma vida inteira!
Tadeu Salgado é um dos autores do livro “Como sobreviver no exterior”.