Bariloche encanta milhares de viajantes, especialmente no inverno, com suas paisagens nevadas, cerros imponentes e aventuras na neve. No entanto, de vez em quando o clima prega peças: em vez da sonhada neve, o turista se depara com chuvas. A frustração é comum, afinal, muitos viajam para a Argentina em busca das paisagens branquinhas e experiências na neve. Porém, a chuva em Bariloche não precisa ser sinônimo de decepção.

A cidade e a região oferecem paisagens e vivências que seguem incríveis mesmo sob o céu cinzento. O segredo está em adaptar o roteiro. Por isso, trouxemos sugestões sobre o que fazer para aproveitar sua estadia em Bariloche mesmo com chuva e sem neve. Preparados para novas aventuras?

Explorando a Estepe Patagônica

Você sabia que em muitos dias de inverno chuvoso em Bariloche há tempo seco do outro lado das montanhas? Ao seguir pela Ruta Nacional 23, o viajante entra em um território menos explorado: a estepe patagônica. A vegetação úmida dos bosques dá lugar a campos abertos, arbustos baixos, pedras secas e céu imenso.

O clima também muda: os ventos aumentam, mas a umidade diminui. Este meio natural também conta com formações rochosas de origem vulcânicas mais antigas que a Cordilheira dos Andes, além de sofrerem uma grande erosão dos fortes ventos e dos rios. Por isso, têm formas interessantíssimas.

Para os viajantes que desejam desbravar a natureza de maneira diferenciada, é uma ótima alternativa. Em cerca de 15 minutos de carro, você chega a Dina Huapi, considerada o portal de entrada da estepe. O vilarejo é calmo, tem praias às margens do Nahuel Huapi e abriga o Cerro Leones, formação vulcânica com trilhas e cavernas.

Dina Huapi também oferece o Mercado de la Estepa, que reúne artesanatos autênticos, com produtos feitos por artesãos de toda a região. É ideal para os viajantes que gostam de apreciar a natureza em qualquer época do ano.

Mais adiante, Pilcaniyeu completa a imersão nesse cenário seco e vasto. Há pequenas mercearias, moradores receptivos e, com sorte, você pode ver guanacos e aves de rapina pela estrada. Pilcaniyeu fica localizada a cerca de 65 km de Bariloche, com acesso pela Ruta Nacional 23.

Experiências em estâncias na Estepe Patagônica

cavalgada perto de bariloche

Na Estepe Patagônica, existem grandes estâncias rurais dedicadas à criação de ovelhas e cavalos, herança de um passado marcado por ciclos de colonização, pecuária e disputas por terra. Muitas dessas propriedades pertencem a latifundiários estrangeiros e grupos multinacionais.

Atualmente, diversas dessas estâncias também se abriram ao turismo, permitindo que visitantes vivenciem o cotidiano rural da Patagônia, provem a gastronomia típica e participem de atividades como cavalgadas, caminhadas guiadas, observação de fauna local e visitas culturais.

Estâncias em Bariloche e arredores:

1. Estancia San Ramón
Localização: RN 23, a cerca de 30 km do centro de Bariloche
Uma das estâncias mais tradicionais da região, ideal para um passeio de meio período ou dia inteiro. Oferece cavalgadas pela estepe, caminhadas leves, almoço típico patagônico com cordeiro e empanadas, e observação da fauna local (como guanacos e condores).

2. Estancia Peuma Hue
Localização: Lago Gutiérrez, a 25 minutos do centro de Bariloche
Uma estância boutique no Parque Nacional Nahuel Huapi, com hospedagem de alto padrão. Oferece trilhas, cavalgadas, gastronomia gourmet com ingredientes locais, yoga, massagens e atividades de integração com a natureza. Ideal para quem busca conforto e experiências profundas em meio ao bosque.

3. Estancia La Esperanza
Localização: Entre Bariloche e El Bolsón, com acesso pela RN 40
Focada em vivências autênticas do campo, com ênfase na criação de cavalos e ovelhas. Possui cabanas para hospedagem, passeios a cavalo com guia, refeições caseiras e trilhas com vistas para a Cordilheira. É uma opção mais rústica e econômica.

4. Estancia Los Baqueanos
Localização: Margens do Lago Gutiérrez, km 21 da Av. Bustillo
Mais voltada a passeios do tipo “dia de campo”, oferece cavalgadas guiadas por bosques e áreas da estepe, aulas de equitação, churrasco típico e contato com animais de fazenda.

O que fazer em Dina Huapi?

dina huapi argentina
  • Mercado de la Estepa: O empreendimento visa valorizar o trabalho de artesãos e produtores de diferentes municípios da província de Río Negro. São comercializados tecidos feitos com lã local, além de doces e artesanatos.
  • Gastronomia: Para quem está de passagem pela região, há uma variedade de pratos regionais, como trutas, carnes defumadas ou grelhadas, além de excelentes cervejas artesanais.
  • Rio Limay: Um dos mais conhecidos da região, recebe os viajantes que chegam pela Ruta 40. Nesse rio, são oferecidas atividades como pesca, turismo e esportes aquáticos, bem como observação de aves na área.
  • Litoral: Dina Huapi possui quase 5 km de litoral no Lago Nahuel Huapi. Há uma ciclovia de 1,5 km que percorre a costa. Este lugar oferece vistas incomparáveis de montanhas como Catedral, Capilla, López, Tronador, entre outras.
  • Ñirihuau: Esse é o primeiro bairro de Dina Huapi, onde você encontra a antiga estação ferroviária que foi declarada patrimônio histórico, arquitetônico e cultural municipal em março de 2012. Durante o passeio pela área, você pode visitar a Capela Ceferino Namuncurá, a ponte automobilística e a ponte ferroviária, com uma grande estrutura de aço que atravessa um estreito e rochoso desfiladeiro do rio Ñirihuau.
  • Cerro Leones: A visita ao Cerro Leones é uma das excursões mais tradicionais. É um costão rochoso de um vulcão extinto, com cavernas que foram habitadas por mais de 8.000 anos pelos aborígenes mais antigos da região, nascentes e um mirante de onde se pode apreciar a estepe. Consultas e reservas pelo e-mail [email protected] e contato + 54 294 4468200.

O que fazer em Pilcaniyeu?

pilcaniyeu
  • Estação Ferroviária do Trem Patagônico: Mesmo que você não esteja embarcando, vale visitar a estação histórica, com trilhos bem preservados e um ar de passado congelado no tempo. A ferrovia é importante na identidade local e conecta Pilcaniyeu a outras vilas da região.
  • Cerro de la Cruz: Esse pequeno cerro é acessível por uma trilha leve que começa perto do centro da cidade. A subida leva cerca de 30 a 40 minutos, com paisagem típica da estepe. No topo, uma cruz marca o mirante, com visão panorâmica da região, incluindo o traçado da Ruta 23.
  • Museu Arqueológico e Paleontológico: No centro da vila, há um pequeno museu mantido pela comunidade, com peças arqueológicas, fósseis e objetos do cotidiano usados pelos primeiros habitantes da região. Você verá cerâmica mapuche, restos de animais pré-históricos e artefatos rurais.

Dica prática: o trajeto entre Bariloche e Pilcaniyeu leva cerca de 1h20. O ideal é alugar um carro e abastecer antes de sair da cidade. Baixe o mapa offline, pois o sinal pode ser instável na região.

Por que vale a pena explorar esse lado da Patagônia Argentina?

A chuva em Bariloche pode incentivar descobertas inusitadas. A região da estepe revela uma Patagônia pouco explorada, mas fascinante, com vilarejos charmosos, cultura local preservada, gastronomia artesanal e formações naturais únicas. Se você estiver disposto a sair do roteiro tradicional, a Ruta 23 transforma dias nublados em experiências autênticas! Confira também: O que fazer perto de Bariloche no inverno? Roteiro de 2 dias!

O que fazer em Bariloche com chuva?

Circuito Chico Punto Panorámico Bariloche

Para aproveitar Bariloche mesmo nos dias chuvosos, uma ótima pedida é se refugiar em seus encantos urbanos. A cidade oferece uma excelente variedade de cafés aconchegantes, restaurantes com pratos típicos da Patagônia, lojinhas de chocolate artesanal e boutiques de produtos locais. Museus como o Museo de la Patagonia também são ótimas alternativas culturais e cobertas.

Em caso da chuva estiver leve, vale a pena incluir no roteiro uma visita ao café giratório do Cerro Otto, que combina vista panorâmica das montanhas com uma experiência única de degustar delícias locais em movimento.

Se você é um viajante que prefere aproveitar o clima urbano, veja esse contratempo  como uma oportunidade  para conhecer o lado mais aconchegante e cultural de Bariloche. A cidade oferece uma variedade de espaços cobertos, experiências gastronômicas e lojas para curtir sem pressa.

Onde comer em Bariloche?

  • Rapa Nui: Mitre 202
  • Mamuschka: Mitre 298
  • Abuela Goye: Mitre 105
  • Café del Lago: Av. Bustillo, km 20, Hotel Llao Llao
  • Café Vero: Elflein 62
  • La Marmite: Mitre 329
  • El Boliche de Alberto (parrilla): Villegas 347

O que visitar em Bariloche?

cafe giratorio cerro otto
  • Museo de la Patagonia Francisco P. Moreno: Localizado no Centro Cívico, exibe história da região, fauna, geologia e cultura mapuche. Entrada gratuita ou com contribuição simbólica.
  • Centro Atómico Bariloche: Localizado na avenida Bustillo, km 9, esse museu de ciências tem  foco em física e natureza patagônica, ideal para um passeio em família.
  • Calle Mitre: A principal rua comercial de Bariloche conta com lojas de roupas, chocolates, lembranças e cafés.
  • Cerro Otto: Um dos tradicionais pontos turísticos da cidade, o teleférico coberto funciona com chuva leve a moderada. Conta ainda com uma cafeteria giratória com vista panorâmica.
  • Circuito Chico (com paradas estratégicas): Essa é uma das rotas mais bonitas da Argentina. Mesmo com o tempo fechado, há mirantes acessíveis para visitar de carro. O trajeto também conta com o Mirador Punto Panorâmico, a Cervejaria Patagonia, a Colonia Suiza, entre outros.

Você já visitou Bariloche em um momento de chuva ou chegou lá e não encontrou a tão esperada neve? Conta pra gente como foi sua experiência! Queremos saber como você reinventou o roteiro, o que descobriu e quais lugares te surpreenderam.

Até a próxima!