Quem nunca sonhou em ver as luzes brilhantes dançando no céu nos mais belos tons de verde, azul, roxo e rosa? O fenômeno da Aurora Boreal é visto nos polos magnéticos da terra e acontece como resultado de colisões entre partículas de gases na atmosfera e partículas liberadas pela atmosfera do sol.
A Aurora Boreal sempre foi um item marcado na minha lista de coisas pra fazer antes dos 30 anos, mas eu nunca pensei que seria TÃO difícil! O termo usado no título (caçada) não foi em vão. Ao todo foram 4 tentativas de ver as famosas luzes do norte!
Cheguei na Finlândia no auge do inverno, com temperaturas variando entre -20ºC e -30ºC e cheia de informações sobre a Aurora, aplicativos que monitoravam as atividades magnéticas e muitas expectativas! O que eu não sabia era que mais de 70% dos dias no inverno na Finlândia eram nublados, ou seja, a visibilidade era péssima e as chances das Auroras acontecerem eram altíssimas, mas vê-las abaixo de tantas nuvens é quase impossível.
A primeira tentativa foi feita em Rovaniemi. Localizada no Círculo Polar Ártico, a região promete as Auroras mais bonitas da Finlândia. Cheguei a pagar 50 euros (R$ 216,94 – na cotação atual) para fazer um safári para o meio do nada, com uma fogueira, salsichas assadas e marshmellows em uma noite de -27ºC com sensação de -34ºC. Não vimos nem um mísero sinal das luzes no céu, mas tive uma noite memorável!
O nosso grupo era formado por um casal de indianos, um russo, duas brasileiras e um italiano. Apesar de todos estarmos frustrados, tivemos a chance de compartilhar histórias, dividir experiências e rirmos MUITO! Até hoje me lembro do nosso amigo russo ensinando palavras em sua própria língua, nossa andança pela madrugada para o meio de uma mata fechada e o coração acelerado por não saber o que viria em seguida. A capital da Lapônia ficou marcada no meu coração como um dos lugares mais especiais em que já estive.
A segunda foi na cidade em que eu estava morando no norte da Finlândia, Haukipudas. Uma das minhas irmãs me levou para o meio do lago localizado perto de nossa casa para uma nova tentativa de ver as lindas e brilhantes auroras quando o céu estava extremamente limpo. Não as vimos novamente! Mas, paradas no meio do nada, com os barulhos apenas das nossas respirações e várias estrelas brilhantes que pintavam uma bela obra de arte no céu, eu só conseguia agradecer e pensar que não poderia querer estar em qualquer outro lugar no mundo.
Já na terceira tentativa, no meio da semana e após um dia muito exaustivo no trabalho, recebi um alerta no celular às 2 horas da manhã de que se eu saísse de casa em uma hora, teria uma chance de ver o famoso fenômeno perto de casa. Levantei, coloquei o famoso conjunto de segunda pele da Fiero, uma calça corta vento, o fleece, um casaco bem pesado, lanterna e o celular com 10% de bateria. Saí de casa, caminhei até um lago próximo e consegui ver leves sombras verdes no céu, mesmo com os cílios congelados! Estava sozinha, em silêncio e me surpreendi ao ouvir sons elétricos vindos com as Auroras, nisso chorei como se não houvesse amanhã, sentei no chão e apreciei a vista. Sem celular e com poucos registros fotográficos, mas com memórias eternas na mente!
Faltando uma semana para eu retornar ao Brasil, em uma sexta-feira com minha família em casa, fiquei acompanhando o aplicativo pra conferir se teríamos alguma chance de vermos auroras mais fortes naquele mesmo dia. Saímos de carro e fomos para um lugar um pouco mais afastado que o lago, com roupas extremamente quentes ficamos deitadas na neve esperando o fenômeno acontecer!
Com uma bela surpresa do destino, após alguns minutos de sombras verdes, conseguimos ver no horizonte uma grande e verde aurora dançando no céu. Eu até tentei e procurei palavras para descrever a sensação, mas não consegui, é impossível!
As Auroras são fenômenos incríveis e imprevisíveis. De início fiquei frustrada, tentei desistir e até cheguei a olhar pro céu em uma das tentativas e dizer: “Poxa, eu vim de tão longe! Custa aparecer um pouco?”, mas acho que foram todas as tentativas fracassadas que fizeram o momento mais especial!
Conheci pessoas de outros lugares do mundo, comi marshmellows com vinte e sete graus negativos, fiz um passeio inesquecível com minha irmã finlandesa no meio da madrugada, deitei na neve e apreciei o brilho das estrelas. Nada disso pode ser pago ou refeito! Quando procurei as Auroras acabei encontrando muitas aventuras, muitos amigos e até uma partezinha de mim que estava escondida. E isso é inestimável!