Viajar sozinha é sempre um desafio, o coração bate mais forte, o medo vem à tona e você nunca sabe se está pronta. No meio do ano passado decidi fazer um intercâmbio voluntário pela AIESEC – uma ONG reconhecida pela UNESCO feita para jovens e por jovens para incentivar a liderança. Me inscrevi para uma oportunidade na Finlândia, numa cidade de 20.000 habitantes no norte do país chamada Haukipudas, para trabalhar em uma escola técnica ensinando inglês e cultura brasileira.
A igreja de Haukipudas está localizada na parte central da cidade e foi a única obra de madeira não destruída pelos nazistas na 2ª Guerra
Nessa cidade, fiquei hospedada na casa de uma tradicional família finlandesa. Todos me receberam extraordinariamente bem, me trataram como filha e me fizeram ganhar ainda mais carinho por aquele país tão frio e acolhedor. Com eles, aprendi quem realmente são os finlandeses por trás de todo aquele estereótipo, aprendi como as coisas funcionam, vi os problemas e superações de um povo que se reergueu lindamente de uma crise em menos de 40 anos para se tornarem um dos lugares com a melhor qualidade de vida do mundo! Com eles me senti em casa, chorei muito ao perceber que a despedida era inevitável e guardei cada um dos momentos no meu coração. A alegria de ter ganho uma família finlandesa não tem preço – temos até um grupo no WhatsApp!
Trabalhei na OSAO HAUKIPUTAAN YKSIKKÖ e fui surpreendida com a infraestrutura, a limpeza, o cuidado e com os métodos de educação usados por lá. Consegui perceber que o ensino era humanizado, inclusivo e extremamente tecnológico. As áreas de ensino daquela unidade da OSAO abrangiam cursos de construção civil, gastronomia, turismo e tecnologias.
O lugar onde eu estava era perto da sexta maior cidade do país, chamada Oulu e considerada a capital cultural da Finlândia por ser repleta de museus interativos, bares de karaokê e obras arquitetônicas que mostram claramente a alma Finlandesa.
E junto comigo no projeto estavam duas pessoas, um italiano e uma brasileira, que foram essenciais para o desenvolvimento e realização do que a AIESEC nos propôs. Além de serem meus companheiros, viraram meus amigos, compartilhamos histórias, nos frustramos com acontecimentos e, acima de tudo, fomos o porto seguro um do outro. Arrisco até a dizer que uma das melhores partes desse intercâmbio foi ter conhecido essas duas pessoas maravilhosas.
Acredito que foi a melhor experiência da minha vida. Me perdi inúmeras vezes, conheci pessoas maravilhosas e aprendi muito com cada um dos passos dados naquele país frio que tão bem me acolheu. Aprendi que a vida é muito curta e que somos muito pequenos perto dessa imensidão de lugares espalhados por esse mundo e perto dos fenômenos inesquecíveis e insuperáveis da natureza.
Com isso eu aprendi que sou muito maior que qualquer medo ou insegurança e que quando a gente aproveita a nossa própria companhia, não há dinheiro que pague a sensação de liberdade proporcionada. Ah, e outro aprendizado essencial para qualquer pessoa que decida viajar à Finlândia durante o inverno: o frio é realmente intenso, muito mais do que você possa imaginar! Por isso, vá protegido com os calçados, roupas e acessórios adequados para as temperaturas geladas do país.
E você, já viajou sozinho(a)? Vamos conversar nos comentários!