Para um bom viajante, a Patagônia não é apenas um sonho! É um obstáculo a ser vencido! A começar pela quilometragem. Para chegar aos confins da Argentina, nós, os repórteres Renato Weil e Glória Tupinambás, passamos oito dias inteiros na estrada com o nosso motorhome A Casa Nômade e rodamos mais de 4.000 quilômetros a partir de Foz do Iguaçu (nosso ponto de saída do Brasil).
Nossa primeira parada aconteceu na Península Valdés, a porta de entrada da Patagônia. Todo o esforço da viagem já vale a pena diante da beleza natural deste lugar, considerado um refúgio único de vida silvestre no mundo. Por aqui, vivem baleias austrais, pinguins, lobos e elefantes marinhos e uma infinidade de aves pesqueiras.
Nosso primeiro contato com a natureza selvagem foram os lobos-marinhos de Punta Loma, na cidade de Puerto Madryn. Mesmo com ventos de 60 km/h e uma temperatura de 8 graus (isso em pleno verão), foi maravilhoso mergulhar com esses mamíferos aquáticos que habitam a costa da Patagônia. Nesta época do ano, os machos, que chegam a pesar 300 quilos, estão formando o seu harém com mais de 20 fêmeas para iniciar o período de acasalamento. E vimos de perto a luta desses gigantes pela conquista das parceiras e controle do território. Em terra, eles esbanjam bravura! Mas, na água, são dóceis e se aproximam dos turistas como curiosas e brincalhonas crianças.
Depois, foi hora de nos encantarmos com os pinguins. Nem todo o perfeccionismo de Walt Disney consegue reproduzir a sua simpatia e a beleza. Vistos de pertinho, eles são simplesmente incríveis! Na Estancia San Lorenzo, na Península Valdés (refúgio ecológico da Patagônia Argentina) vivem nada menos que 500.000 exemplares dos pinguins-de-magalhães. Curiosos, eles se aproximam dos turistas que chegam à praia e, desajeitadamente, caminham em nossa direção. A sensação é de que correm para nos dar um abraço!
Mas é bom não se entusiasmar. Como nesta época do ano os ninhos estão cheios de filhotes, é fácil levar uma bicada dos pinguins ao tentar se aproximar e tocá-los. Portanto, nada de interagir com eles. O mais lindo é sentar-se na praia e admirar a desengonçada caminhada deles até o mar, o mergulho rápido na primeira onda que quebra na praia, a volta ágil para alimentar os filhotes que estão afastados da água, a limpeza minuciosa da plumagem (que mais se parece uma escama de peixe). E com um pouquinho de paciência, é possível vê-los acasalando sem pudores nas encostas dos morros. E, depois do namoro, é hora de ouvir o canto triste e longo que os machos emitem a plenos pulmões.
E para nos despedirmos da Península Valdés, os elefantes marinhos. À primeira vista, eles parecem estar mortos. Escarrapachados na praia, amontoados uns sobre os outros e imóveis… Mas à medida que o sol esquenta, os elefantes-marinhos abrem suas grandes nadadeiras e jogam uma “mãozada” de areia sobre o corpo. Pronto! Começou a farra! O vizinho se irrita com aquela bagunça, abre a imensa boca e rosna. Um macho mais valente decide mostrar seus dotes para o harém de até 50 fêmeas e responde com um urro ainda mais forte. Os filhotes famintos se arrastam pela praia até chegar ao mar para mergulhar em busca de peixes. Em pouco tempo, toda a colônia de elefantes-marinhos que habita a Caleta Valdés, na Península Valdés, está em polvorosa. O espetáculo com os gigantes mamíferos aquáticos (os machos chegam a pesar até 5 toneladas) acontece bem diante dos olhos dos visitantes da Patagônia. É emocionante!