Sumário
São mais de 1.200 vinícolas em Mendoza, a capital dos vinhos da Argentina. Há opções sofisticadas, artesanais, orgânicas, históricas, industriais, modernas… E eleger o melhor roteiro para explorar todo o potencial das bodegas durante as suas férias é uma missão quase impossível.
Para tentar ajudar nessa “árdua” tarefa nós, Renato Weil e Glória Tupinambás, viajamos por Mendoza a bordo do nosso motorhome A Casa Nômade durante mais de 20 dias. E depois dessa expedição cultural, histórica e gastronômica, reunimos aqui dicas e sugestões para transformar o seu passeio pela cidade dos vinhos, localizada aos pés da Cordilheira dos Andes, em uma experiência incrível.
Hospedagem
O mais espetacular e sofisticado hotel de Mendoza é, sem sombra de dúvidas, o Cavas Wine Lodge. Com apenas 16 quartos construídos entre as plantações de uva, na Cordilheira dos Andes, o Cavas Wine Lodge pertence à rede Relais & Châteaux e ostenta todo o bom gosto e elegância do grupo que reúne os melhores hotéis do mundo.
A habitação tem dois pisos: no térreo, mais de 70 metros quadrados que abrigam sala de estar, quarto, closet, banheiro com hidromassagem e varanda com uma piscina privativa. No segundo piso, um terraço com lareira e um delicioso sofá com vista para as montanhas, os parreirais e o lindo céu estrelado de Mendoza.
Mas todo esse luxo fica pequeno perto da hospitalidade dos proprietários Cecilia e Martín. Com um sorriso sempre aberto no rosto, eles recebem os hóspedes na entrada e cuidam para que cada detalhe da estadia no Cavas Wine Lodge seja perfeito. A começar pela taça de vinho de boas-vindas e o cartão com uma mensagem escrita de próprio punho.
Pequenos mimos, presentes exclusivos, degustação de vinhos com uma sommelier especializada nos potenciais de Mendoza, deliciosas massagens e longas horas de relaxamento no spa fazem parte dos atrativos.
E para que a estadia seja de fato perfeita, Cecilia e Martín cuidam do cardápio do Cavas Wine Lodge para que cada refeição seja uma verdadeira experiência gastronômica. O café da manhã é dos deuses, com um delicioso buffet e opções à la carte para agradar todos os gostos. O almoço e o jantar são um deleite, com pratos típicos e internacionais mesclados com elegância.
Vinícolas em Mendoza
El Enemigo
Jornais argentinos anunciam: o enólogo Alejandro Vigil é o “Messi dos vinhos”. E não bastasse o talento premiado internacionalmente, Vigil é campeão na arte de vencer medos – considerado por ele seus maiores inimigos.
Em sua vinícola Casa El Enemigo, ele recriou a Divina Comédia, de Dante Alighieri: a bodega foi batizada de Los Valentes; a plantação, Nuestros Viñedos; e o restaurante, Los Glotones. E como na obra-prima de Dante, o passeio pela vinícola e pelas adegas de conservação do vinho são um convite a atravessar os reinos além-túmulo, começando pelo inferno, depois o purgatório e, finalmente, o paraíso.
O resultado de tanta criatividade, ousadia e esmero está nas inúmeras premiações dos títulos El Enemigo pelo mundo afora. Mas esse sucesso já era mais que esperado! Vigil é o enólogo da gigante vinícola Catena Zapata, e a nova bodega é fruto da sua parceria com Adrianna Catena, filha de Nicolás Catena e herdeira do grande império vitivinícola.
Na El Enemigo, a aposta de Vigil é investir menos na maturação dos vinhos em madeira e explorar mais as riquezas do solo da região de Mendoza. Tanto que um dos pontos altos da degustação é provar vinhos feitos à base da mesma uva, a Cabernet Franc, mas que foram plantadas em diferentes terrenos (realçando o terroir da bebida).
Telas, esculturas e outras obras de arte guiam os visitantes pela bodega El Enemigo até chegar a outro ateliê: a cozinha, de onde saem pratos requintados feitos exclusivamente com produtos da horta de Vigil. Nos próximos meses, a Casa El Enemigo vai lançar uma novidade em Mendoza: um menu de 12 passos para degustação a cegas de pratos harmonizados com vinhos argentinos. E com garçons vestidos como os personagens da Divina Comédia.
Já com a certeza de que será um sucesso, Vigil nos brinda com uma frase: “Meus medos e inseguranças foram, muitas vezes, meus maiores inimigos e, quase sempre, um convite a ousar”.
Chandon
Era uma vez um monge beneditino chamado Dom Pierre Pérignon, que nos idos de 1650, assumiu a função de tesoureiro da Abadia de Hautvillers, na França, com a missão principal de equilibrar as finanças da instituição.
De olho no alto consumo de vinhos nas igrejas francesas, Dom Pérignon teve a ideia de recuperar as adegas, depósitos e prensas de Hautvillers que estavam em ruínas. Enquanto trabalhava pesado nas construções e replantava os vinhedos, um antigo costume da época – o de tapar as garrafas de vinho com pequenos pedaços de madeira envoltos em estopa embebida de óleo – começou a incomodá-lo.
Foi aí que ele pensou em derreter cera de abelhas no gargalo das garrafas, assegurando assim uma vedação perfeita e um método mais higiênico. Mas, com o passar dos tempos, uma surpresa! As garrafas começaram a explodir nas adegas. E para acabar com os boatos de que os vinhos de Dom Pérignon estavam amaldiçoados, o corajoso monge decidiu prová-los.
Diante da profusão de sabores adocicados e efervescentes em sua boca, resultado da fermentação do açúcar do mel e da produção do gás carbônico, Dom Pérignon disse sua mais célebre frase: “estou bebendo estrelas”. Nascia assim o champagne!
E essa história linda continua viva na Maison Möet & Chandon, fundada em 1743 na França, que homenageia Dom Pérignon com um dos rótulos mais caros da casa. Na década de 1970, a Möet & Chandon amplia seus territórios na América do Sul e cria a Bodega Chandon em Mendoza, capital do vinho na Argentina. Hoje, a Chandon é parte obrigatória de quem busca luxo e sofisticação em sua viagem por aqui.
Toda a opulência da grife Louis Vuitton, atualmente dona da bodega, está presente em todos os detalhes, desde as prateleiras da loja até os imensos tanques de aço inoxidáveis iluminados com leves tons de dourados. Outro ponto alto da bodega é a adega, repleta de garrafas em um espaço de incrível bom gosto!
E depois de passear pela vinícola e conhecer toda a história dos vinhos e espumantes produzidos ali, é hora do deleite… Degustar as melhores bebidas Chandon, harmonizadas com uma rica mescla da culinária francesa e argentina. Imperdível!
Finca Decero
Mesa posta com taças a perder de vista, talheres de prata, guardanapos de linho branco, flores… Diante dos nossos olhos, logo ali na sacada, 210 hectares de uvas plantadas e os picos nevados da Cordilheira dos Andes. O cenário parece de contos de fadas e cada detalhe na Finca Decero impressiona pelo luxo, sofisticação e exclusividade.
Uma das vinícolas mais famosas de Mendoza, a Finca Decero recebe os visitantes com uma proposta elegante. Primeiro, um passeio por entre barris de carvalho francês, tonéis de fermentação da uva e adegas para conhecer a história dessa bodega que começou, literalmente, do zero (daí o nome “Decero”). Uma terra antes árida e desértica foi transformada, videira por videira, em um fértil vinhedo de onde brotam 300 litros de vinho por ano.
Noventa e oito por cento da produção é exportada à Europa e aos Estados Unidos e quem visita a Finca Decero tem a oportunidade de degustar os melhores exemplares. Mas não espere uma degustação básica, com vinhos, pães e ponto final não. Assim como em outras bodegas refinadas de Mendoza, a Finca Decero faz das degustações uma experiência gastronômica incrível.
Clos de Chacras
A poeira encobre um antigo rádio, a mobília e um livro de anotações do italiano Bautista Gargantini, datado de 1921. Nas páginas amareladas, o registro de um tempo em que a “Bodegas y Viñedos Gargantini” fabricava 80 mil garrafas de vinho por ano e toda a produção era levada de trem para ser engarrafada em Buenos Aires. O foco da empresa à época era a quantidade e não foi à toa que os Gargantini ficaram conhecidos como donos de um dos maiores complexos vitivinícolas das Américas.
Mas os tempos da quantidade ficaram para trás. Na década de 1970, a Argentina foi assolada por uma crise no mercado de vinhos, a bodega caiu no abandono e toda a produção foi interrompida. Até que em 1987, Sílvia, a neta de Gargantini, arrematou o antigo edifício em um leilão e decidiu reescrever essa história, desta vez com foco absoluto na qualidade. Agora batizada de Clos de Chacra, a vinícola produz 1% do que gerava na década de 1920, mas encanta consumidores e visitantes com a excelência e a elegância dos vinhos de alta gama.
O passeio pela vinícola é uma viagem no tempo. O simpático Nicolás Hartung nos dá uma aula de história enquanto caminha por entre antigos tanques de cimento – hoje revestidos de epóxi – usados para a fermentação do vinho e pela charmosa adega, construída no espaço antes usado para armazenar o vinho que seria transportado a Buenos Aires para o engarrafamento.
E depois da visita, vem a melhor hora! Degustar os deliciosos vinhos Clos de Chacra harmonizados com os sabores e delícias que saem da cozinha comandada pelo chef Santiago Lopez. Na entrada da vinícola, está estampada a frase de Fernando Olaverri: “O vinho é a única obra de arte que se pode beber”. E depois de experimentar os pratos do chef Santiago Lopez, podemos dizer que “a carne argentina é a única obra de arte que se pode comer”!
Casarena
Técnicas milenares usadas por incas e huarpes seguem vivas na Bodega Casarena. As formas históricas de aproveitar cada gota de água que vem do Oceano Pacífico, que se transformam em gelo na Cordilheira dos Andes e correm até Mendoza por gretas e canais de irrigação, estão preservadas. E a paixão com que o italiano Carlos Bertona cuidou de suas uvas desde 1937 ainda move a vinícola.
Na Casarena, os números impressionam: são 300 hectares de plantações que produzem 1,5 milhão de litros de vinho por ano. Mas são os pequenos detalhes que fazem a diferença. Desde o carinho e a atenção do encarregado de turismo Damián Guzmán, que dá uma verdadeira aula de história aos visitantes enquanto percorre os vinhedos, até o sorriso de cada funcionário que trabalha na bodega e nos autorizar a provar o vinho em seus mais diferentes estágios de maturação. Direto da fonte, experimentamos o suco doce que sai da uva horas depois da colheita, tiramos dos tonéis uma amostra de vinho branco jovem e sentimos os mais intensos aromas das bebidas que descansam em barris de carvalho.
O tour pela bodega é uma experiência riquíssima e prepara os visitantes para a melhor parte: uma sofisticada degustação em sete passos no refinado restaurante Casarena (cujo nome faz referência à cor da argila usada para revestir as paredes da vinícola).
Lagarde
Quando pensamos já ter conhecido tudo o que há de mais sofisticado em Mendoza, vem a Bodega Lagarde para nos surpreender. Num equilíbrio harmônico entre passado e inovação, a vinícola abre suas portas para mostrar a riqueza de detalhes com que produz cada uma das 10.000 garrafas de espumante de alta gama e 1,2 milhão de litros de vinho por ano, sem perder as tradições que remontam aos idos de 1897.
A história da Lagarde começa com a chegada da família Pereira, imigrantes portugueses, à Mendoza para produz vinhos de mesa. Sem descendentes, os Pereira elegem a dedo quem iria conduzir a bodega depois de sua morte com uma condição: manter a vinícola exclusivamente argentina, fechada ao capital estrangeiro. E assim a família mendozina Pescarmona assumiu a missão e hoje, já na terceira geração, preserva o passado, sem abrir mão das tecnologias e aprimoramentos que agora os permite produzir vinhos premium, de qualidade reconhecida internacionalmente.
A visita à vinícola começa pelo casarão original, datado de 1897, onde viveram os portugueses desde a sua chegada à Mendoza. Depois, é hora de passear por entre esteiras de separação das uvas, tanques de aço inoxidável, pias de cimento revestidas de epóxi e barris de carvalho por onde os vinhos passam durante o processo de elaboração que dura até cinco anos e cuja qualidade se mantém por três décadas dentro da garrafa.
E o fim da visita é a cereja do bolo! Um incrível almoço servido nos jardins da vinícola, à sombra de uma amoreira e ao lado do parreiral de uvas mais antigo da Lagarde, plantado em 1906. Enquanto os funcionários colhem a mais pura Malbec DOC (sigla para Denominação de Origem Conhecida), nós saboreamos um menu de cinco passos.
Trapiche
Bem-vindos a 1912! O imenso edifício em estilo florentino abriga, nos arredores de Mendoza, máquinas a vapor para o manejo das uvas recém-colhidas, tanques de cimento para a fermentação do vinho, pisos de tacos de ipê cobertos com areia por onde se rolavam os barris de carvalho cheios de bebidas e pontos de parada de trens nos quais toda a produção era embarcada para o comércio na Argentina e pelo mundo afora.
Mais de um século se passa, somos transportados aos dias atuais e o encanto da Bodega Trapiche é exatamente o mesmo! No prédio completamente restaurado, a Trapiche mescla tradições às tecnologias de vanguarda na produção de 5 milhões de litros de vinho por ano. E, com foco absoluto na qualidade, chega ao topo do ranking de exportações na Argentina distribuindo suas bebidas a mais de 90 países do mundo.
Um feito que só é possível graças ao cuidado com que trata cada videira plantada em seus 1.200 hectares de terra e à busca incessante por inovações. Entenda como inovação a alta qualificação da guia de turismo Rosa Binanti (uma verdadeira embaixadora da Trapiche para os visitantes), o trato diferenciado dado pelo chef Lucas Bastos ao cardápio da degustação em sete passos do Espacio Trapiche e, principalmente, a ousadia de criação dos vinhos.
Ojo de Vino
Por trás do vinho, um artista. O suíço Dieter Meier empresta parte da sua genialidade como músico e cineasta para produzir aqui em Mendoza um célebre vinho. A história remonta à década de 1970, quando Meier veio à Argentina com o pai em uma viagem de trabalho e ficou surpreso com o potencial dessas terras. Depois de provar um legítimo Malbec argentino, ele decidiu investir no negócio e comprar 340 hectares no coração de Luján de Cuyo, o grande polo produtor de Mendoza, fundando a Bodega Ojo de Vino.
Nós fomos convidados a experimentar um Malbec da linha Puro, safra 2015, de sabor intenso graças à produção das uvas em uma região desértica, com grande amplitude térmica entre o dia e a noite, a mais de 1.000 metros de altitude e banhada pelas águas de degelo dos Andes. Delicioso!
Principalmente porque o vinho foi servido durante um incrível almoço nos jardins da vinícola, em meio às parreiras de uva, num ambiente descontraído e elegante do Restaurante Ojo de Água. O cardápio…. Hummmm…. Preparem-se!
Terrazas de los Andes
O mundo dos vinhos orbita em torno de críticos como Tim Atkin e James Suckling e de sites de avaliação de bebidas, a exemplo do WineAwards, Decanter, WineEnthusiast e Descorchados. Cada ponto conquistado nos rankings se transforma em sucesso e reconhecimento do vinho no mercado. E nessa disputa, a Terrazas de Los Andes tem experiência de sobra. A vinícola, parte do grupo Louis Vuitton, ostenta em seus nove vinhedos de Mendoza os selos com notas altíssimas (nunca menos de 95 – numa escala de 0 a 100).
A fórmula para tanto sucesso? Difícil encontrar uma única, mas certamente ela passa pelo cuidado com as plantações de uva feitas em zonas de diferentes altitudes (entre 860 metros e 1280 metros acima do nível do mar); mistura perfeita das variedades cultivadas em distintos solos, temperaturas e ventos; e, claro, perfeccionismo na fermentação e maturação do vinho.
Entre os três milhões de litros produzidos anualmente na Terrazas de Los Andes, só há vinhos de média e alta qualidade (não há espaço para bebidas jovens). Todo o processo de produção do vinho acontece dentro do edifício histórico datado de 1898 que, depois de 12 anos em reforma, agora atende aos padrões Louis Vuitton de qualidade mesclando tradições e técnicas contemporâneas.
Tudo realmente incrível! Especialmente porque é apresentado aos visitantes em uma deliciosa degustação dentro da vinícola, seguida de uma degustação premium acompanhada de empanadas, frios, queijos, embutidos e deliciosas sobremesas no casarão da vinícola. Um luxo!
Bodega López
Cada herdeiro da família López ganha de presente, ao nascer, 500 garrafas do célebre vinho Montchenot. A coleção descansa por pelo menos 18 anos, quando enfim o agraciado atinge a maioridade e pode escolher a melhor ocasião para apreciar o presente. Esse tesouro fica armazenado nas adegas da Bodega López, em Mendoza, em tonéis de carvalho e depois em garrafas que garantem qualidade e elegância aos vinhos. Mas essa dedicação primorosa não é exclusiva ao clã dos López. Toda a gigantesca produção de uma das maiores vinícolas da Argentina é tratada com o mesmo esmero.
E quando dizemos gigantesca, preparem-se para os superlativos: a Bodega López tem em seus estoques 100 milhões de garrafas de vinhos, montante que faz os executivos da empresa figurarem na lista da Revista Forbes como líderes em produção e faturamento. E tudo por lá é imenso! Cada uma das barricas de carvalho usadas para fermentação e armazenagem das bebidas tem capacidade para 35.700 litros (o convencional são tonéis de 200 litros). Na planta de produção, máquinas, esteiras e centenas de funcionários se revezam para engarrafar e etiquetar 10.000 garrafas por hora, num total de 80.000 garrafas por dia.
Pensam que é só vinho que se produz na Bodega López? Ledo engano! Um dos melhores azeites de Mendoza também sai dos olivais da López, plantados em 1932 com condições climáticas e de solo rigorosamente controladas para produzir azeitonas frescas e com nobres qualidades nutricionais. Cosméticos são outro forte da López, que investe em linhas de sabonetes líquidos e cremes corporais à base de uvas.
A visita à bodega é uma experiência riquíssima, que permite ver de perto todo o processo de produção do vinho, desde a colheita até o engarrafamento, passando inclusive pelos mágicos laboratórios químicos da empresa. E para fechar com chave de ouro a visita, vem a degustação dos vinhos no Restaurant Rincón de López.
Susana Balbo
Nem só de carnes vive a culinária argentina. Fazendo jus ao nome “Osadía de Crear”, o incrível restaurante da bodega Susana Balbo presenteou a nossa visita a Mendoza com uma deliciosa combinação de peixes e massas cuidadosamente harmonizados com vinhos elegantes. Mas o cardápio é só uma das surpresas da vinícola, comandada com pulso firme por Susana, a primeira mulher da Argentina a receber, em 1981, o título de enóloga. Em uma interessante trajetória profissional, ela desafiou um mercado até então tipicamente masculino e trabalhou durante quase três décadas assessorando vinícolas tradicionais mundo afora.
Em 1999, ela decidiu ter seu “terceiro filho”: a Bodega Susana Balbo. Ao lado do seu primogênito José, enólogo na Califórnia, e de sua caçula Ana, administradora de empresas, ela criou a própria empresa, que se caracteriza pela mescla perfeita de trabalhos manuais com alta tecnologia para criar vinhos de altíssima qualidade.
Cavalgada
Os picos nevados da Cordilheira dos Andes espreitam Mendoza como uma sentinela. Mas nada intimidador! Muito pelo contrário, a paisagem é simplesmente fascinante! Ainda mais ao amanhecer, quando o branco do gelo ganha tons de vermelho e dourado ao receber os primeiros raios de sol.
Quer tornar essa experiência ainda mais incrível? Nossa dica é assistir a esse espetáculo em um cavalgada organizada pelos gaúchos César Fernandes e Elio Vitaliti, no Rancho Viejo Cabalgatas. Sobre um arreio confortável e com animais super dóceis, percorremos vinhedos, plantações de olivas e cavalgamos pelo leito do Rio Mendoza até chegar a lindos mirantes com vistas privilegiadas dos parreirais com os Andes ao fundo.
Para quem não gosta de acordar tão cedo, a dica é fazer cavalgada no fim da manhã, terminando com um almoço em uma das charmosas bodegas de Mendoza. Passeio imperdível para quem busca um diferencial no turismo pela capital argentina dos vinhos.
Relaxamento
As primeiras uvas foram cultivadas pela humanidade no Oriente Médio, há mais de 8.000 anos. Com o passar do tempo, as videiras se espalharam pela Europa e Américas até chegar a Mendoza nos idos de 1850. Hoje, elas são a vida e excelência da cidade que se transformou em capital do vinho na Argentina. Eis que entra em cena o Entre Cielos, um hotel boutique em meio aos vinhedos mendocinos com a sensibilidade de resgatar as origens da uva e trazer das Arábias a inspiração para o seu luxuoso Spa Hammam.
A sensação é de mergulhar no cenário das Mil e Uma Noites. Um santuário dedicado ao relaxamento e às práticas turcas de purificação através de saunas, banhos esfoliantes e tratamentos com vinho. Nós experimentamos o circuito de 6 etapas do Hammam e saímos plenamente renovados. Seguindo um ritmo de tempo de 10 minutos, passamos pela sequência de dois banhos de vapor ajustados com diferentes temperaturas, duas salas de esfoliação, uma piscina aquecida e um delicioso relaxamento em pedra quente. Incrível!